Ano I - Número 7 - Jul/21
NORTE
Moju (PA) – O repórter Jackson Silva, diretor do Portal Moju News, foi atingido por disparos de arma de fogo no tórax e no rosto, quando retornava à sua casa, após ida à igreja, em 9 de julho. Os disparos foram feitos por duas pessoas que aguardavam a chegada do jornalista na residência. O profissional já havia relatado ameaças de agressão. Jackson foi levado ao Hospital Metropolitano, no município de Ananindeua, onde realizou cirurgia e ainda se recupera. Um homem identificado como Fábio Junior, apontado como o principal suspeito de realizar o atentado morreu durante um confronto com a Polícia Militar na manhã de 22 de julho.
Humaitá (AM) - O jornalista Lucas Lobo, da Rede Amazônica, afiliada da Globo, foi agredido e ameaçado na manhã de 8 de julho, por Herivâneo Seixas, ex-prefeito da cidade situada a 700 quilômetros da capital Manaus.
O político também apreendeu indevidamente e danificou o equipamento de trabalho do jornalista. Lobo tentava entrevistar o ex-mandatário local para repercutir a investigação aberta pelo Ministério Público estadual sobre a contratação irregular de uma empresa que forneceu testes rápidos de Covid-19. O repórter, então, recebeu ameaças de morte, um tapa no antebraço e teve o microfone arrancado de suas mãos e o celular jogado no chão e quebrado. Imagens mostram que o ex-prefeito xingou o profissional com palavrões e chamou a polícia para tentar prendê-lo.SUDESTE
São Paulo (SP) - O fotógrafo Lucas Ettore Chieriguini foi ferido por estilhaços de bombas atiradas pela Polícia Militar (PM) enquanto cobria a manifestação contra o governo em 24 de julho, na capital paulista. Lucas acompanhava a passeata quando, próximo ao Cemitério da Consolação, a polícia militar reprimiu parte dos manifestantes com bombas de efeito moral. Mesmo estando a distância do conflito, fragmentos do projétil caíram próximos aos jornalistas presentes no ato, e atingiram o profissional na perna. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de SP (SJSP) prestou solidariedade e se colocou à disposição. Na manifestação de 3 de julho, ao menos cinco profissionais relataram agressões ao SJSP e à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
São Paulo (SP) – A apresentadora Daniela Lima, da CNN Brasil, sofreu ataques virtuais gerados por um perfil falso do portal G1 no Twitter. Numa postagem também falsa, havia o incentivo a ataques à jornalista afirmando que ela havia classificado o incêndio na estátua de Borba Gato, como “pacífico” e que os responsáveis estavam de máscara, o que não aconteceu. Daniela nem sequer estava entre as apresentadoras que noticiaram o ocorrido. Mas a postagem falsa acabou viralizando, o que gerou uma onda de ataques e ameaças à jornalista. Segundo checagem do Estadão Verifica, a conta falsa foi criada em março de 2021 e muitas de suas postagens envolvem ataques a jornalistas mulheres. Casos anteriores envolvem por exemplo a narradora Natália Lara, do SporTV, e Barbara Gancia. O perfil também fez posts contra opositores do presidente da República, como o governador de SP João Dória, a deputada federal Joice Hasselmann e a ex-presidente Dilma Rousseff.Brasília (DF) – O colunista Conrado Hübner Mendes, do jornal Folha de S.Paulo, também professor de Direito Constitucional da Universidade de São Paulo (USP), pode ser investigado a pedido do ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Kassio anexou texto de autoria de Conrado e afirmou que ele fez afirmações “falsas e/ou lesivas” à sua honra, que podem configurar os crimes de calúnia, difamação e injúria. O magistrado solicitou ao chefe do Ministério Público Federal a “apuração e responsabilização criminal do(s) autor(es) do fato”. A PGR repassou a representação à Polícia Federal. No artigo “O STF come o pão que o STF amassou”, publicado em abril, o colunista abordou a decisão do ministro que liberava a realização de cultos, missas e demais celebrações religiosas no país, em meio a medidas restritivas para a Covid-19. Decisão que o plenário do STF, posteriormente, derrotou por 9 votos a 2. A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou nota em defesa do ministro e do STF em 26 de julho, também criticando a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) por ter se manifestado publicamente em defesa do colunista.
São Paulo (SP) – A repórter Juliana Dal Piva, do portal Uol, recebeu ameaças de Frederick Wassef, advogado da família do presidente da República, em razão de edições do podcast ‘UOL Investiga’, onde se dedica a denunciar um esquema de “rachadinha” envolvendo o político quando deputado federal. Em mensagem enviada à jornalista, que compartilhou a íntegra do conteúdo no blog que edita no Uol, Wassef chegou a sugerir o que poderia ocorrer com profissionais que buscam apurar informações relacionadas a autoridades em determinadas localidades, citando como exemplo, países reconhecidos por serem ditaduras. “Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”, escreveu o advogado. A profissional recebeu a solidariedade de colegas jornalistas e das entidades de classe, entre elas a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
CENTRO-OESTE
Brasília (DF) – O presidente da República passou a integrar a lista internacional dos “predadores da liberdade de imprensa”, conforme definição da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). O relatório deste ano foi divulgado no início de julho, e o nome do presidente brasileiro consta pela primeira vez ao lado de outros 37 chefes de Estado, como Vladimir Putin (Rússia), Nicolás Maduro (Venezuela), Bachar al-Assad (Síria), Ali Khamenei (Irã), Alexandre Lukashenko (Belarus), Teodoro Nguema (Guiné Equatorial), Paul Kagamé (Ruanda), Issaias Afwerki (Eritreia) e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.
Brasília (DF) - O presidente da República bloqueou 69 jornalistas e seis veículos de notícias no Twitter, até o início de julho, denuncia a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Os sites The Intercept Brasil, DCM, Aos Fatos, Congresso em Foco, Repórter Brasil e O Antagonista foram os principais atingidos com o ato discriminatório e impedimento ao trabalho da imprensa. Além do presidente, outras três autoridades em cargos públicos bloquearam quatro veículos, totalizando nove empresas jornalísticas desde setembro de 2020.
JUDICIAIS
São Paulo (SP) – O jornal O Estado de S. Paulo se livrou de indenizar o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, por decisão da juíza Camila Quinzani, da 4ª Vara Cível da Comarca de SP. Na ação, Olavo sustentava que, ao ser citado em um texto que afirma que a "rede bolsonarista promove linchamento", o veículo estaria imputando a ele responsabilidade por ataques virtuais coordenados sem apresentar nenhuma prova da tese. Ao analisar o caso, a magistrada entendeu que o texto jornalístico que citou Olavo de Carvalho está dentro dos limites da liberdade de imprensa. Além disto, condenou Olavo de Carvalho ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
São Paulo (SP) – A agência independente Amazônia Real e o portal da ONG Repórter Brasil foram obrigados pelo juiz Air Marin Junior, do 2º Juizado Cível de Boa Vista (RR), a retirar de seus sites trechos da reportagem “‘Compro tudo’: ouro Yanomami é vendido livremente na rua do Ouro, em Boa Vista”, publicada em junho. O magistrado concedeu liminar atendendo ao pedido de uma das pessoas citadas na matéria. A reportagem, que faz parte da série Ouro do Sangue Yanomami, denuncia a aquisição ilegal de ouro extraído da terra Indígena Yanomami por dezenas de pequenas ‘joalherias’ que ficam na Rua do Ouro, em Boa Vista, na capital de RR. Nos três dias em que os repórteres da Amazônia Real estiveram nas pequenas lojas, flagraram a autora da ação, entrando em um dos estabelecimentos e perguntando ao vendedor se ele comprava ouro do garimpo. A resposta foi “compramos tudo”. A cena flagrada é descrita na reportagem, que, antes da publicação, procurou a envolvida por telefone e pelas suas redes sociais, não tendo sucesso no contato. Após a publicação da reportagem, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar as possíveis ligações da autora da ação judicial com o garimpo ilegal.
São Paulo (SP) – O apresentador e humorista Danilo Gentili, do SBT, foi absolvido pela juíza Carolina Nogueira, da 38ª Vara Cível de SP, em ação de indenização por danos morais movida pelo ator e roteirista Marcius Melhem. O apresentador publicou uma série de posts ironizando o ex-diretor global após a divulgação das acusações de assédio sexual contra ele. "Uma coisa não podemos negar. O Marcius Melhem foi um grande líder na Globo. Daqueles que não tem (sic) medo de botar o pau na mesa", foi uma das postagens de Gentili e que, segundo o pedido de Melhem, deveriam ser apagadas.
Teresina (PI) - Os sites 180graus, Portal AZ, Portal OitoMeia, Cidade Verde e G1 Piauí estão sendo processados pelo promotor de Justiça Francisco de Jesus Lima, do Ministério Público estadual (MP-PI), por divulgarem que ele foi alvo de medida protetiva por violência doméstica, em junho de 2019. À época, a ex-namorada do promotor apresentou à Polícia Civil imagens de conversas e o áudio de uma ligação telefônica que supostamente comprovariam a denúncia de violência doméstica. As medidas não estavam sob segredo de justiça, o que ocorreu posteriormente. Em março de 2020, ele foi inocentado e o caso arquivado. Então, Francisco passou a processar os sites por danos morais. Ele alega que teve sua vida privada exposta e que sofreu abalos morais e psicológicos com a veiculação das matérias. Os processos exigem a retirada das publicações e indenizações que variam entre R$ 31 mil a quase 42 mil. Portal OitoMeia e Cidade Verde fizeram acordo judicial e retiraram as matérias do ar. O promotor desistiu da ação contra o Portal AZ, mas processa ainda Edigar Neto e Jaqueliny Siqueira, do G1 PI, e Francisdione Sousa, do Portal 180graus. O caso segue tendo desdobramentos.
São Paulo (SP) - O blogueiro e comentarista político Felipe Moura Brasil será indenizado em R$ 15 mil por danos morais causados por um homem que o ameaçou no Twitter. Segundo os autos, o réu publicou, em sua conta no Twitter, uma mensagem em que dizia que Moura Brasil "só será bom jornalista quando estiver a sete palmos". "E eu vou cuidar disso." A ameaça aconteceu em resposta a um vídeo em que o jornalista comentava a situação política do Brasil e levou à suspensão do perfil do réu no Twitter. Depois, ele também apagou a postagem. A sentença foi da desembargadora Maria de Lourdes Gil, da 7ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de SP.
São Paulo (SP) – A rede Globo teve que divulgar direito de resposta da ex-atleta do voleibol, Ana Paula Henkel, colunista da Revista Oeste e comentarista do programa “Os Pingos nos Is”, da rede Jovem Pan, em razão de agressões verbais feitas pelo ex-jogador de futebol Walter Casagrande Junior em seu blog no portal GE. Henkel se sentiu ofendida por texto publicado em fevereiro deste ano, onde Casagrande acusou a analista de ser, entre outras coisas, defensora de “tudo o que é de ruim em nossa sociedade”. “Pessoa intragável”, “prepotente” e “arrogante” foram outros termos utilizados pelo ex-jogador de futebol, denominando Ana Paula como “alguém que espalha fake news, assim como o seu ídolo, para difundir mentiras e defender pessoas que não têm a mínima condição de viver em sociedade democrática!”. O juiz Christopher Roisin, do Tribunal de Justiça de SP, entendeu que o cronista esportivo foi além de exercer a liberdade de expressão, acabando por ofender a honra de Ana Paula e concedeu o direito de resposta.
São Paulo
(SP) - A jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo, obteve
sentença favorável em primeira instância em ação movida contra o deputado
estadual André Fernandes (Republicanos - CE). O parlamentar foi condenado
pelo juiz Vitor Kümpel, da 27ª Vara do Foro Central Cível de SP, a indenizá-la
em R$ 50 mil, em razão de ataques machistas. A jornalista é a autora das
reportagens da Folha de S.Paulo que revelaram o esquema, bancado por
empresários, de disparo de mensagens anti-PT nas eleições de 2018 que teria
beneficiado o então candidato e atual presidente da República. Os ataques do
deputado cearense foram feitos no mesmo dia em que Hans River, funcionário de
uma das empresas de disparo de mensagens e fonte da reportagem, prestou
depoimento na CPI das Fake News e disse enganosamente que Mello teria oferecido
sexo em troca de informações que, por sua vez, seriam utilizadas na reportagem.
A Folha mostrou que o depoimento de River foi mentiroso. Ainda cabe recurso da
decisão.
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Fontes: http://www.abi.org.br, https://www.abraji.org.br/, http://fenaj.org.br/, https://www.conjur.com.br/areas/imprensa, http://www.portalimprensa.com.br/, http://artigo19.org/, https://portal.comunique-se.com.br/; https://www.coletiva.net/, Centro Knight para o
Jornalismo nas Américas(https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/) e outras instituições e
entidades de defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição Vilson Antonio Romero (RS)
e-mail:
vilsonromero@yahoo.com.br
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