ANO V - NÚMERO 06 - BOLETIM DE JUNHO/25
BOLETINS DE OCORRÊNCIAS DE JUNHO DE 2025
Destaques: Governo federal assina acordo de indenização com família de Vladimir Herzog. Abraji denuncia ataques à imprensa em seu monitoramento anual. Polícia prende suspeito de matar radialista no PA. Imprensa sofre assédio judicial e censura em SP, MT e MA.
SUDESTE
Patos de Minas (MG) - As equipes da NTV, NossaFM e PatosJá, do grupo NTV de Comunicação, foram impedidos pelo presidente da União Recreativa dos Trabalhadores (URT), Igor Cunha, de fazer a cobertura da partida entre URT e Mamoré, em 7 de junho, no estádio da entidade sindical. Os profissionais estavam credenciados e autorizados pela Federação Mineira de Futebol (FMF), mas a divergência sobre os direitos de transmissão do jogo motivou a atitude do presidente do URT, segundo informações divulgadas posteriormente.
Rio de Janeiro (RJ) – O perfil do jornal A Verdade na rede social Instagram foi removido em 5 de junho pelo grupo Meta, proprietário da plataforma como Instagram e Facebook. Segundo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que protestou contra a medida, a decisão foi arbitrária, sem qualquer aviso prévio ou explicação clara, impedindo que milhares de seguidores tivessem acesso às coberturas e denúncias realizadas pelo jornal.A Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos (CDLIDH) da entidade considerou preocupante e inaceitável a decisão do Grupo Meta.
São Paulo (SP) - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou os resultados da edição 2024 do relatório Monitoramento de Ataques a Jornalistas no Brasil. A pesquisa mostrou que, embora o total de casos no ano passado tenha diminuído em 36,4% em relação ao ano anterior, em quase 41% dos episódios houve agressões físicas, ameaças ou destruição de equipamentos, um aumento de 38,2% quando comparado a 2023. O relatório apontou ainda uma mudança importante no perfil dos agressores: os principais responsáveis pelos ataques foram indivíduos sem vínculo com o Estado, que representaram 39% dos casos registrados, superando os agentes estatais. A retórica antimídia, amplificada por figuras públicas e reproduzida em massa por cidadãos comuns, além de autoridades e figuras públicas, contribuiu para um ambiente de desconfiança e hostilidade contra jornalistas. Outro dado preocupante foi o crescimento da violência de gênero, que passou a representar 31% dos casos monitorados em 2024. As jornalistas Daniela Lima e Natuza Nery, da GloboNews, foram as mais atacadas no período, evidenciando como o machismo e a misoginia seguem sendo utilizados como instrumentos de descredibilização do trabalho de mulheres jornalistas. Acesse o documento completo em https://www.abraji.org.br/publicacoes/monitoramento-de-ataques-a-jornalistas-no-brasil
NORTE
NORDESTE
Natal (RN) - A jornalista e repórter Andreyna Patrício, da TV Tropical, foi constrangida durante transmissão ao vivo das festas juninas na capital potiguar. Durante a reportagem, um homem fica entre o cinegrafista e a repórter, fazendo caretas, atrapalhando a transmissão e logo em seguida vai até a repórter, se aproxima dela e faz um gesto obsceno, saindo em seguida, numa atitude covarde e desrespeitosa. Com a repercussão nas redes sociais, o agressor postou um pedido desculpas pela atitude impensada. As entidades de classe se solidarizaram com a profissional.
São Luis (MA) - A blogueira e jornalista Sílvia Tereza, ex-diretora de Comunicação da Assembleia Legislativa (Alema), denunciou em 12 de junho ter sido alvo de ameaças com insinuações de violência sexual, após publicar em suas redes sociais uma matéria sobre o cenário político de 2026. Em vídeo, ela revelou que os comentários chegaram por meio do blog que administra e de seu perfil no Instagram, com termos ofensivos e ameaçadores. Sílvia identificou o uso de um antigo apelido pejorativo como estopim para entender a gravidade do caso. Segundo a jornalista, os comentários apresentavam tom de intimidação e foram reforçados por mensagens anônimas com registros de IP.
JUDICIAIS
Araçatuba (SP) - O jornalista Roberto Alexandre dos Santos, do site de notícias RP10, e Allan de Abreu, repórter da revista piauí, são alvos de investigação da Polícia Civil. O inquérito resulta de matéria da revista que aborda a relação do delegado Carlos Cotait, chefe da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), e um hacker que teria sido contratado para apoiar as investigações da Operação Raio X, invadindo dispositivos e contas das redes sociais dos investigados.
Inicialmente, Santos foi alvo de diversas tentativas de intimidação que fizeram com que ele não assinasse a reportagem “O hacker e o delegado”, da piauí, que deu origem ao caso. E, depois, sofreu um mandado de busca e apreensão em sua residência. Com acesso aos rascunhos da reportagem, os policiais violaram seu direito constitucional ao sigilo de fonte. O inquérito segue em andamento e passou a incluir também o repórter Allan de Abreu, que recebeu uma intimação para prestar depoimento.São Paulo (SP) - O jornalista Luiz Vassallo, do portal de notícias Metrópoles, sofre intimidação e censura com abertura de inquérito por parte do delegado da Polícia Civil Fábio Pinheiro Lopes que se sentiu incomodado com uma reportagem. Em 3 de junho, o profissional foi intimado a “prestar esclarecimentos” na 2ª Divisão de Crimes Cibernéticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A matéria publicada em março que motivou o processo mostrava que o delegado teria blindado cerca de R$ 10 milhões em fazendas, outros imóveis e capital integralizado, após ser citado em delação do empresário Vinícius Gritzbach (morto na saída do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos – SP, em 8 de novembro de 2024), realizada em setembro de 2024.
São Paulo (SP) - A família do jornalista Vladimir Herzog, em 26 de junho, assinou acordo com o governo federal, relativo à indenização retroativa de R$ 3 milhões por danos morais. O ato simbólico foi oficializado pelo ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e por um dos filhos do jornalista, Ivo Herzog, na sede do Instituto Vladimir Herzog. O acordo prevê, além desse pagamento, os valores retroativos da reparação econômica mensal e vitalícia de pouco mais de R$ 34 mil à viúva Clarice Herzog, em razão de liminar anteriormente concedida pela Justiça Federal. De origem iugoslava, Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) quando foi convocado a prestar esclarecimentos na sede do DOI-Codi, em 25 de outubro de 1975, onde acabou torturado e morto. O Exército alegou, então, que ele teria cometido suicídio em sua cela, o que se provou uma mentira.
Cuiabá
(MT) – O jornal 1 Agora teve de retirar do ar matérias que associavam o
advogado Tallis Evangelista à prática de crimes atribuídos à organização
criminosa “Comando Vermelho (CV)”, inclusive com menção à operação policial em
que ele figurou como investigado. A juíza Cláudia Schmidt, do 1º Juizado
Especial Cível, em tutela de emergência determinou a retirada por entender que
os textos extrapolaram o direito à informação. O advogado foi acusado de ser
“pombo correio” da facção porque ia à prisão atender um cliente, mas foi
absolvido. Mesmo com a absolvição, um jornal publicou reportagens associando-o
ao CV. Diz o processo que o nome e a imagem do advogado foram usados de forma
sensacionalista e pejorativa, vinculando-o à prática de crimes graves, como
ameaça e coação. Para a juíza, o jornal, ao associá-lo injustamente à facção
criminosa, praticou ofensa grave. Além das informações consideradas falsas, as
reportagens exibiram seu nome completo e fotografias, representando risco à sua
integridade física.
Pedreiras (MA) - O portal O Pedreirense e seu colunista Joaquim Cantanhêde são alvos de dois processos judiciais movidos, respectivamente, por um médico da rede pública e pelo suplente de deputado estadual Fred Maia (PDT), esposo da prefeita Vanessa Maia (União). O médico questiona a publicação de entrevista de uma moradora da cidade, na qual ela apresenta denúncias quanto ao atendimento de seu filho na rede de saúde pública.
Além de pleitear R$ 10 mil de indenização por danos morais, o autor busca que o vídeo seja removido e que O Pedreirense seja impedido de realizar qualquer nova postagem com seu nome ou imagem. Fred Maia, por sua vez, protesta contra o artigo “O nosso mestre dos magos da hipocrisia”, de Joaquim Cantanhêde, que critica declarações do autor e relembra sua proximidade com Eduardo DP, empresário investigado pela Polícia Federal. A ação busca que o jornalista deixe de publicar dados pessoais e ofensas contra ele, além de requerer a condenação de Cantanhêde ao pagamento de R$ 20 mil por danos morais. A Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) acompanha os casos com atenção e confia que o Judiciário do MA garantirá o livre exercício da atividade jornalística, julgando as ações improcedentes..........
Fontes:
ARI (www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ
(www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br),
Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa
(www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa
(www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal
dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas &
Cia
(https://www.jornalistasecia.com.br/), https://mediatalks.uol.com.br,
Consultor Jurídico (https://www.conjur.com.br/areas/imprensa)
e outras instituições e entidades de defesa do livre exercício da profissão de
jornalista.
Pesquisa
e edição: Vilson Antonio Romero (RS)
vilsonromero@yahoo.com.br
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