BO JUDICIAL - 17/10/22 - JORNALISTAS DE ÉPOCA E CRUSOÉ SÃO ALVOS DE QUEIXA -CRIME DE DELEGADO DA PF
Abraji expressa preocupação com queixa-crime apresentada contra Fábio Leite e Guilherme Amado
O delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e eleito deputado federal pelo PL no Rio de Janeiro, apresentou queixa-crime contra os jornalistas Guilherme Amado e Fábio Leite por reportagens publicadas em 2020 nas revistas Época e Crusoé.
Em 15 de
outubro de 2021, a defesa de Ramagem ajuizou uma ação penal na 10ª Vara Federal
Criminal do DF por calúnia e difamação. Ramagem alega ser vítima de
“denunciação caluniosa” depois que os dois repórteres revelaram, nos dois
veículos e em matérias diferentes, a existência de relatórios supostamente
produzidos pela Abin e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para
orientar os advogados do senador Flávio Bolsonaro (PL).
O filho mais velho do presidente da República foi denunciado pelo Ministério Público do RJ pelo esquema de peculato conhecido como “rachadinha”, acusado de liderar uma organização criminosa para recolher parte do salário de funcionários comissionados, em benefício próprio. A afirmação de que Ramagem havia enviado os relatórios ao senador foi feita em entrevista a Guilherme Amado pela advogada de Flávio Bolsonaro, Luciana Pires.
À época, a
reportagem do colunista Guilherme Amado, também diretor da Abraji, provocou
reação da Procuradoria Geral da República e gerou notas de repúdio da Abraji e
da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A PGR pediu à ministra Cármen
Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o jornalista entregasse os
documentos que embasaram a matéria, o que, por se tratarem de mensagens de WhatsApp,
identificaria a fonte de Amado. Conforme o Artigo 5º, inciso XIV, da
Constituição Federal, é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
Depois do
escândalo, foram expedidos mandados de segurança coletivos e petições pedindo a
apuração das denúncias de suposta participação da Abin.
A Abraji
considera extremamente preocupante que um agente público, que deve prestar
contas à sociedade, tente criminalizar a conduta de repórteres de credibilidade
e reconhecidos no país justamente pelo trabalho em apurações robustas. Amado e
Leite, hoje parte da equipe do portal Metrópoles, já revelaram dezenas de
ilegalidades da administração pública de todos os espectros partidários.
A Abraji expressa solidariedade aos jornalistas e espera que o Judiciário não leve adiante mais uma tentativa de intimidar a imprensa.
Fonte:
https://www.abraji.org.br/noticias/abraji-expressa-preocupacao-com-queixa-crime-apresentada-contra-fabio-leite-e-guilherme-amado
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