ANO II - NÚMERO 11 - BOLETIM DE NOVEMBRO/22
Destaques: Entidades registram dezenas de agressões e ameaças a jornalistas em todo o país. Justiça goiana condena assassinos de radialista. Centenas de profissionais são impedidos de acessar o Twitter de políticos e autoridades.
SUDESTE
Resende (RJ) - Um repórter e uma cinegrafista do Uol Notícias
foram xingados e agredidos em 25 de novembro ao tentarem entrevistar manifestantes
acampados defronte à Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Os
profissionais foram cercados, ameaçados e tiveram um celular arrancado da mão da
cinegrafista que ficou com edema e inchaço no local. O ataque ocorreu mesmo com
um destacamento da Polícia do Exército fazendo a proteção dos jornalistas. Ambos
necessitaram de escolta para entrarem no carro, que foi acompanhado por uma
dupla de militares. Os manifestantes os seguiram em seus veículos até alguma
distância do local. Um boletim de ocorrência foi registrado por ameaça, injúria
e lesão corporal. Nenhum dos agressores foi ainda identificado.
Niterói (RJ) - O repórter Erick Rianelli, da rede Globo,
foi agredido pela defensora pública aposentada Cláudia Barrozo, em 17 de
novembro, conforme vídeo que repercutiu nas redes sociais. A mulher,
denunciada por racismo contra dois entregadores, se descontrola ao perceber que
está sendo filmada por Rianelli e Raoni Alves, repórter do portal g1. Irritada,
a filha da agressora se aproxima e derruba o aparelho celular da mão do
profissional. “Não pode filmar”, grita. Ao vê-lo pegar o aparelho novamente, Cláudia
se aproxima de forma agressiva para que ele não consiga filmá-la. “Você acha
isso correto? Você acha correto bater no rosto das pessoas e quebrar os óculos
das pessoas?”, questiona Rianelli, que ficou ferido no nariz após o episódio.
Enquanto o jornalista conversa com a filha da aposentada, Alves continua com a
gravação, na qual Cláudia ainda parece com o rosto coberto e tenta chutar o
repórter do g1, mas não chega a atingi-lo.
São Paulo (SP) II – O Instituto Tornavoz, a Federação
Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji) acionaram autoridades federais e estaduais para cobrar
mais segurança e investigação da autoria dos ataques a profissionais do
jornalismo. As agressões têm aumentado durante a cobertura das
manifestações contra o resultado das eleições para presidente da República, em
todo o país. Os documentos estão sendo remetidos às autoridades locais e
regionais de todos os estados onde foram registrados ataques, como Ministério
Público, Secretaria de Segurança Pública e Superintendência Regional da Polícia
Federal. Foram 54 ofícios a 18 estados, nos quais Abraji e as demais
organizações alertam para o crescimento da violência política, potencializada
pelo discurso radicalizado da eleição. Um levantamento feito pela Abraji em
parceria com a Fenaj mostra que, desde 30 de outubro, quando se deu o resultado
eleitoral, até 23 de novembro, foram registrados 64 episódios que envolveram
agressão física, ameaças de morte, expulsão de equipes dos locais públicos onde
se davam os protestos e até um atentado a tiros contra a redação de um site.
CENTRO-OESTE
Brasília (DF) – Um repórter e um fotógrafo do Correio
Braziliense foram ameaçados na tarde de 11 de novembro por manifestantes que
protestavam contra o resultado das eleições em frente ao QG do Exército. A
equipe foi ao local para registrar a saída de parte dos caminhoneiros que estacionaram
os veículos na região. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF repudiou
o cerceamento ao livre exercício da profissão.
Cuiabá (MT) - A jornalista Deisy Boroviec, também servidora
da Assembleia Legislativa, em 21 de novembro, recebeu ameaças de morte no seu
perfil no Facebook feitas por um eleitor de atual presidente da República. O
homem acusou-a de disparar “fake news” e usar a “máquina estatal” para difamar
o candidato derrotado: “A tua batata está assando, mocreia petista. O meu grupo
aí em Cuiabá já sabe onde você trabalha e o teu horário. Toma cuidado que
acidentes e roubos toda hora acontecem. Onde você mora sempre olhe para os dois
lados da rua! Quer continuar difamando o presidente, vaza então para Bahia, ou
Ceará, que é lugar de vagabundos, socialista metida a intelectual”.
NORTE
Manaus (AM) - Jornalistas do site Radar Amazônico estão
sofrendo represálias por parte da gestão do prefeito da cidade, David Almeida
(Avante) que teria ameaçado banir o veículo de coletivas da gestão municipal. O
político também mostrou a foto de um repórter do portal junto com um adversário
político, como forma de deslegitimar seu trabalho jornalístico. As represálias
teriam aumentado depois da reprodução pelo Radar Amazônico de uma reportagem do
portal Metrópoles, de Brasília, levantando suspeitas de que a campanha de Almeida
destinou, em 2020, R$ 70 mil à facção criminosa Comando Vermelho em troca de
apoio político. Durante coletiva em outubro, Almeida negou envolvimento no caso
e afirmou que processaria os envolvidos na denúncia. Foi nessa ocasião que, ao
ser perguntado a respeito pelo repórter Adriano Santos, do Radar Amazônico, o
prefeito mostrou uma foto do jornalista com o adversário político Eduardo Braga
(MDB) e chamou o jornalista de “teleguiado”. A Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do AM criticaram a atitude do
prefeito e a tentativa de intimidação ao repórter do Radar Amazônico.
Porto Velho (RO) – O prédio do site de notícias Rondônia
ao Vivo teve janelas e portas perfuradas por disparos de arma de fogo na
madrugada de 12 de novembro. Uma câmera de segurança registrou um homem se
aproximando e disparando contra o local. Ninguém ficou ferido pois o imóvel
estava vazio na ocasião. O dono do site, Paulo Andreoli, informou que os policiais
encontraram 19 cápsulas de pistola 9 mm em frente ao imóvel. Ele imagina que o
ataque tenha relação com grupos políticos radicais da cidade.
SUL
Porto Alegre (RS) - O Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do RS e a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) divulgaram
notas em 2 de novembro protestando contra as hostilidades e cerceamento da
atividade que profissionais têm sofrido na capital gaúcha. Mencionaram ocorrências
envolvendo equipes da TV Bandeirantes, Record TV RS e do SBT no Centro
Histórico da cidade. A equipe do repórter Matheus Goulart, da TV Bandeirantes,
foi atacada a socos por um dos manifestantes. A repórter Daiane Dalle Tese, o cinegrafista
Adilson Corrêa e o auxiliar Flávio dos Santos, da Record TV RS, foram intimidados
e impedidos de trabalhar. O repórter Lucas Abati e o cinegrafista Cristiano
Mazoni, do SBT, foram hostilizados ao serem cercados por manifestantes, que os
fizeram abandonar a cobertura.
JUDICIAIS
......................
Fontes: ARI
(www.ari.org.br), ABI (www.abi.org.br), Fenaj (www.fenaj.org.br), ANJ
(www.anj.org.br), Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br),
Abert (www.abert.org.br), Abraji (www.abraji.org.br), Portal Imprensa
(www.portalimprensa.com.br), Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa
(www.liberdadedeimprensa.org.br), Portal Coletiva (www.coletiva.net), Portal dos Jornalistas (https://www.portaldosjornalistas.com.br/), Jornalistas & Cia
(https://www.jornalistasecia.com.br/), https://mediatalks.uol.com.br, Consultor Jurídico
(https://www.conjur.com.br/areas/imprensa), Sociedade Interamericana de
Imprensa (Miami), Federação Internacional de Jornalistas (www.ifj.org)
(Bruxelas), Sindicato dos Jornalistas de Portugal (www.jornalistas.eu)(Lisboa),
ONG Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) (Paris), Portal Comunique-se
(portal.comunique-se.com.br), Comitê de Proteção aos Jornalistas (Nova Iorque),
Centro Knight para o Jornalismo nas Américas (knightcenter.utexas.edu), ONG
Campanha Emblema de Imprensa (PEC), Freedom House (www.freedomhouse.org),
Associação Mundial de Jornais (www.wan-ifra.org), Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) (http://www.oas.org/pt/cidh/), Fórum Mundial dos Editores, https://forbiddenstories.org/, https://www.mfrr.eu/,
https://www.onefreepresscoalition.com/press e outras instituições e entidades de
defesa do livre exercício da profissão de jornalista.
Pesquisa e edição: Vilson
Antonio Romero (RS)
vilsonromero@yahoo.com.br
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