BO - 17/01/23 - REPÓRTER DO DIÁRIO POPULAR É OFENDIDA POR VEREADOR DE PELOTAS (RS)
Abraji condena discurso de vereador contra repórter de Pelotas (RS)
Em 17 de janeiro, César Brisolara, conhecido
como Cesinha (PSB), presidente da Câmara de Vereadores de Pelotas (RS), abriu
sua fala na tribuna proferindo ataques à jornalista Rafaela Rosa, do Diário
Popular, veículo com 132 anos de circulação pelo interior do estado. Ao
contestar uma reportagem, publicada naquele dia, que tratava de planos para
criar e alterar cargos e regras na Casa Legislativa, o vereador afirmou ser
vítima de perseguição e chamou a repórter de “incapaz”, “incompetente” e
“tendenciosa”.
Em sua fala, Brisolara também manifestou
incômodo com a capa do mesmo jornal no dia 08.dez.2022. Ele lembrou que o
Diário Popular colocou a manchete de uma fraude na área de saúde da cidade e,
logo abaixo do texto, havia uma foto dele sobre outra reportagem, também
assinada por Rafaela Rosa. Disse que a escolha da diagramação feita pelo jornal
deu a entender que ele era um bandido – e que a opção editorial sinaliza, no
fundo, questões de racismo por um negro ocupar um espaço de poder. Segundo ele,
o jornal reconheceu o erro na edição, mas nunca se retratou.
Voltando ao tema da reportagem publicada em
janeiro, o vereador afirmou que a repórter publicou informação errada por
"não saber fazer contas de matemática" e que ela o perseguia.
Declarou também que Rafaela Rosa trocava mensagens com uma servidora que ocupa
um cargo de direção na Câmara e poderia ter esclarecido os fatos antes de falar
de novas nomeações, e que é por isso que “a sociedade não acredita nos meios de
comunicação”.
À repórter, o vereador Cesinha sugeriu que
deixasse o jornalismo para disputar uma eleição e fazer política. Antes dos
ataques na Câmara, Rafaela Rosa já tinha pedido demissão do Diário Popular após
aceitar um convite para atuar como jornalista em Brasília. Procurada, a assessoria
de imprensa do vereador não respondeu aos questionamentos da Abraji enviados
por email.
A Abraji repudiou os ataques e cobra da
presidência do PSB no Rio Grande do Sul e da Câmara de Vereadores um
posicionamento sobre o caso. Se valer do poder de usar a tribuna por mais de 13
minutos para defender a liberdade de imprensa e, ao mesmo tempo, tentar
descredibilizar o trabalho de uma jornalista não é apenas uma contradição, mas,
principalmente, uma manobra política para evitar condenações das organizações que
monitoram as violações à liberdade de expressão.
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