BO JUDICIAL - 17/03/23 - REPÓRTER DE SC SOFRE DIVERSAS AÇÕES JUDICIAIS POR REVELAR CASO MARIANA FERRER

Entidades repudiam ações judiciais contra repórter que revelou caso Mariana Ferrer

Organizações da sociedade civil assinaram nota conjunta em que repudiam e demonstram preocupação com os seis processos judiciais movidos contra a repórter Schirlei Alves, que escreveu sobre o julgamento do caso Mariana Ferrer.

Em 2020, quando trabalhava no Intercept Brasil, Schirlei revelou detalhes da audiência do caso. Mariana Ferrer é uma influenciadora que afirmou ter sido estuprada pelo empresário André de Camargo Aranha em um beach club de luxo em Florianópolis, em 2018. Ele foi inocentado das acusações pois, segundo o promotor responsável pelo caso, não havia como o empresário saber que Mariana não estava em condições de consentir a relação, e, portanto, não houve intenção de estuprar, uma espécie de “estupro culposo”.

Schirlei mostrou detalhes da audiência, além da forma como Mariana foi tratada, exposta e humilhada durante o julgamento. Após a publicação da matéria, a repórter foi vítima de ataques virtuais na internet. Quem está processando Schirlei são justamente os personagens envolvidos na reportagem: o advogado do empresário acusado pelo estupro, o promotor de Justiça que atuou no caso e o juiz que deu a sentença final.

Para as entidades, os processos judiciais caracterizam-se como uma espécie de cerco judicial e uma forma de intimidar jornalistas, e destacam a importância da reportagem de Schirlei para que o caso ganhasse repercussão nacional: “Foi a partir da reportagem de Schirlei Alves que o caso foi amplamente debatido e culminou na aprovação da Lei Federal nº 14.425/2021, conhecida como Lei Mariana Ferrer, que protege vítimas e testemunhas de crimes sexuais no contexto de julgamentos”.

A nota ressalta ainda que a “conduta do juiz e do promotor do caso ainda está sob análise dos respectivos órgãos disciplinares de suas categorias, o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público”, e que “ambos buscam inverter os polos, colocando-se na posição de vítimas do jornalismo”.

Fonte : https://www.portaldosjornalistas.com.br/entidades-repudiam-acoes-judiciais-contra-reporter-que-revelou-caso-mariana-ferrer/

 

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