BO JUDICIAL - IGREJA UNIVERSAL MOVE AÇÕES CONTRA THE INTERCEPT BRASIL
Instituto Vladimir Herzog condena "perseguição" da Igreja Universal ao Intercept
Organização criada em 2009, o Instituto Vladimir Herzog, que atua em defesa da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, divulgou nota no dia 1 de março criticando o que classificou como perseguição da Igreja Universal ao The Intercept Brasil.
No comunicado, a entidade explica que a organização religiosa liderada pelo bispo Edir Macedo entrou na Justiça contra o veículo jornalístico devido à publicação, em 2022, de uma reportagem do repórter Gilberto Nascimento acerca de uma investigação do Ministério Público de São Paulo sobre suposto esquema de lavagem de dinheiro pela Universal.
Ainda de acordo com o instituto, a Universal foi procurada pela equipe do Intercept, mas não se pronunciou. Na ação judicial, os advogados da igreja estariam pedindo a abertura de uma investigação policial alegando “divulgação sem justa causa” e quebra de sigilo.
Tentativa de intimidação
"Não há dúvidas de que a postura da Igreja Universal é, na verdade, uma inaceitável forma de perseguição e de tentativa de intimidação a um veículo jornalístico que traz informações relevantes, verificadas e de inegável interesse público", definiu o Instituto Vladimir Herzog.
Em texto publicado no dia 27 de fevereiro, Flávio VM Costa, editor-chefe do The Intercept Brasil, afirmou que a investigação que causou a ira da Universal revelou um "levantamento sigiloso" do Ministério Público de São Paulo que mostraria depósitos bancários de R$ 33 bilhões feitos entre 2011 e 2015 em contas ligadas à igreja.
"Nossa equipe esmiuçou transações bancárias entre as mais de 100 empresas que compõem o império econômico de Edir Macedo. Mostramos como funciona a arquitetura financeira secreta da Universal, e não será um processo que irá nos impedir de continuar nossas investigações sobre o tema", assinalou o jornalista.
O editor do Intercept também lembrou que a Universal tem um histórico de ações contra jornalistas por todo Brasil. Um dos casos mais recentes é o do escritor J.P. Cuenca, que responde a 144 processos movidos por pastores da igreja, por ter publicado, em junho de 2020, em seu perfil no Twitter, que "o brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal".
A postagem era alusiva a uma citação atribuída ao escritor do século 18 Jean Meslier, segundo a qual "o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre".
Espalhadas pelo país, as ações judiciais contra Cuenca somam mais de R$ 2,4 milhões em pedidos de indenizações.
O uso do Judiciário para intimidar Cuenca, numa suposta ação coordenada, é investigado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do MPF do Rio.
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