BO JUDICIAL - 16/05/23 - MPSP PEDE ARQUIVAMENTO DE PROCESSO CONTRA AGRESSORES DE JORNALISTAS
MP culpa jornalistas do Estadão agredidos por agressão e pede arquivamento
O Ministério Público de São Paulo pediu o
arquivamento da investigação — ainda em andamento — contra cinco suspeitos
de agredir dois repórteres do jornal Estadão que
trabalhavam na cobertura da destruição causada por uma chuva intensa em
São Sebastião (SP), em fevereiro, e que resultou em 65 mortes. A Polícia
Civil apura a prática dos delitos de vias de fato, constrangimento
ilegal, ameaça e injúria.
Na ocasião, a repórter Renata Cafardo e o repórter
fotográfico Tiago Queiroz cobriam os efeitos da chuva no litoral norte paulista
e entrevistavam alguns moradores de um condomínio, quando foram abordados por
outras pessoas que também viviam no local.
Após se identificar e revelar o veículo para o
qual trabalhava, a repórter foi chamada de "sua merda" e
"comunista". Os moradores também classificaram o Estadão como um "jornal de merda". Algumas pessoas atacaram Queiroz e
tentaram tirar dele sua câmera. Uma delas também empurrou Renata, que caiu
no chão alagado.
Em sua manifestação, o promotor Marcelo Otavio
Camargo Ramos, da 3ª Promotoria de Justiça de São Sebastião, afirmou que a
conduta dos moradores ocorreu porque os jornalistas se negaram a apagar as imagens
registradas e insistiram em permanecer no local.
Na visão de Ramos, os moradores agiram de acordo
com o §1º do artigo 1.210 do Código Civil. O dispositivo diz que,
quando a posse do bem é ameaçada, o possuidor pode se manter nela
"por sua própria força". Também estipula que os atos de defesa
"não podem ir além do indispensável" à manutenção da posse.
Para ele, os jornalistas invadiram o
condomínio sem a autorização dos moradores. Mas Renata afirma que ficou na
calçada em frente ao local. Já Queiroz foi o único a entrar, após pedir
autorização a dois funcionários.
O arquivamento diz respeito aos delitos
de vias de fato, constrangimento ilegal e ameaça. Com relação ao crime de
injúria, o promotor destacou que sua prática depende de manifestação da vontade
da vítima e que o MP não pode agir por conta própria.
O advogado que representa os jornalistas, Alexandre Daoun, disse ao Estadão que o pedido
de arquivamento antes do fim das investigações é incomum, pois são elas que
fornecem as informações para que o MP se manifeste. Ele também ressaltou que
faltam oitivas de dois proprietários de imóveis no condomínio, presentes no
local no momento das agressões.
Fonte: https://www.conjur.com.br/2023-mai-14/mp-arquivamento-investigacao-agressao-jornalistas
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