BO JUDICIAL - 12/09/23 - JUIZ DO DF CENSURA SITE O BASTIDOR, DE BRASÍLIA
Abraji questiona ataque cibernético e censura imposta ao site “O Bastidor”, de Brasília
Uma
reportagem publicada pelo site O Bastidor está sob censura depois que o
jornalista Diego Escosteguy mostrou supostas fraudes e irregularidades do
Banco Master. Em 14.ago.2023, quatro dias depois da publicação do material, o
juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília,
determinou sua remoção imediata do site.
O magistrado também ordenou a exclusão de citação à publicação nas redes sociais do veículo e do repórter, acolhendo também pedido da defesa para que o processo tramitasse em segredo de Justiça.
O
argumento do Banco Master é que a reportagem causou danos à imagem da
instituição financeira e dos executivos, por divulgar conteúdo calunioso e
difamatório. Na decisão, o magistrado afirma que “a reportagem não se limitou a
fornecer conteúdo predominantemente informativo, trazendo conclusões que
desabonam a instituição financeira, sem que tenha sido oportunizado o devido
contraditório em processo legal”.
No
entanto, na mesma reportagem, o jornalista publica um trecho da nota enviada à
redação na qual o Master refuta as alegações e se diz confiante na decisão da
Justiça, onde será provado que as acusações carecem de prova. A decisão
judicial não aponta erros de informação cometidos pelo veículo.
Antes de
ser notificado pela decisão da cautelar de urgência, O Bastidor afirma que
sofreu um ataque cibernético do tipo DDoS, quando há milhões de requisições
simultâneas a um mesmo servidor para colapsar o site. Hackers provocaram um
apagão que durou dias e tentaram roubar dados do site e de Diego Escosteguy. O
jornalista teve sua conta pessoal de Whatsapp derrubada.
Embora os
dois assuntos não estejam relacionados, é preocupante que, na mesma semana, um
veículo pequeno seja alvo de organizações criminosas e tenha sido proibido de
mencionar um caso de interesse público em seus canais de comunicação.
A Abraji considera
que a censura ao site e ao jornalista fere o regramento constitucional que
garante a liberdade de imprensa. Os marcos jurídicos brasileiros permitem o
caminho para a responsabilização legal – a posteriori da publicação.
A Abraji espera
que outras instâncias jurídicas derrubem essa medida extrema – fenômeno, que,
infelizmente, se torna cada vez mais presente nas redações. Pelos dados do
projeto CTRL+X, 5.932 processos de remoção de conteúdo foram
registrados, de 2014 até 2022.
Fonte: https://www.abraji.org.br/abraji-questiona-ataque-cibernetico-e-censura-imposta-ao-site-o-bastidor-de-brasilia
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