BO 23/04/24 - INSTITUTO WLADIMIR HERZOG ALERTA SOBRE CRIMES CONTRA A IMPRENSA NA AMAZONIA
Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia
Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio
ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do
estudo Fronteiras da
Informação – Relatório sobre jornalismo e violência na Amazônia,
lançado nessa quarta-feira (23) pelo Instituto Vladimir Herzog (IVH), em Belém.
O material traça um panorama sobre a situação na região
amazônica, palco de crescente onda de violência, atingindo diretamente os
profissionais de imprensa.
Dados da Federação Nacional dos Jornalistas
(Fenaj) revelam a ocorrência de 230 casos de violência contra liberdade de imprensa
nos nove estados da Amazônia Legal, nos últimos dez anos. Segundo a Fenaj, o
Pará é o estado mais violento para repórteres na Amazônia, com 89 casos
registrados em uma década, seguido por Amazonas (38), Mato Grosso (31) e
Rondônia (20).
Um dos casos mais emblemáticos e que chocou o Brasil e o mundo
foi o assassinato do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno
Pereira, em 2022
Segundo o coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do
Instituto Vladimir Herzog, Giuliano Galli, a morte brutal dos profissionais
levou o instituto a se debruçar com maior atenção aos casos de violência na
região. O instituto desenvolve projetos relacionados à proteção de jornalistas
em todo o país.
“Especificamente, nos últimos anos, principalmente após o
assassinato do Bruno e do Dom, a gente começou a receber um volume de denúncias
muito maior de jornalistas e comunicadores que atuam na região amazônica.
Então, a grande motivação foi produzir um documento que embasasse essa nossa
percepção – de ter um número de casos maior naquela região – para que a gente
pudesse utilizar para um trabalho de incidência junto a atores do Estado
brasileiro para que possa adotar medidas e criar políticas públicas de proteção
aos jornalistas e comunicadores na Amazônia.”, disse Galli à Agência Brasil.
O relatório traz diversos relatos de casos em que a violência
contra os profissionais aparece diretamente ligada às investigações sobre crimes ambientais. Outro dado presente no documento
diz respeito ao fato de que, em 2022, por exemplo, ano eleitoral, o registro de
violência contra jornalistas na Amazônia mais que dobrou em relação a 2021. Foram 45 casos contra 20 no ano anterior, segundo
levantamento da Fenaj.
“Os relatos que a gente recebe é que, especificamente no Vale do
Javari, a situação ainda continua bastante perigosa e pouco foi feito desde
então. Então, não deixa de ser uma motivação para evitar que casos parecidos
como o do Bruno e do Dom se repitam, não só no Vale do Javari, mas em toda a
Amazônia e em todo o país”, acrescentou Galli.
Para o coordenador de Jornalismo e Liberdade de Expressão do
Instituto Vladimir Herzog, o relatório é claro ao apontar a relação de
atividades ilegais como garimpo, mineração, ocupação de territórios indígenas e
a ausência de de políticas públicas de proteção. Ele destaca ainda que a violência
não é sofrida apenas por jornalistas e comunicadores, mas também por defensores
de direitos humanos em geral.
Fonte: https://vladimirherzog.org/relatorio-violencia-contra-jornalistas-comunicadores-amazonia/
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