BO 10/01/25 - APRESENTADORA DA GLOBONEWS SOFRE AMEAÇAS DE POLICIAL EM SP
Natuza Nery é ameaçada por policial civil em São Paulo; corregedoria investiga o caso
A jornalista Natuza Nery, da GloboNews, registrou boletim de
ocorrência, na noite do dia 30, após ser abordada com ameaças por um policial
civil dentro de um supermercado em São Paulo. O homem, identificado como
Arcênio Scribone Junior, está lotado como investigador na Polícia Civil de São
Paulo e disse à jornalista que pessoas como ela "deveriam ser
aniquiladas" -- ele, por sua vez, nega tê-la ameaçado e alega ter feito
apenas "uma crítica a seu trabalho". O caso é investigado pela Corregedoria
de Polícia.
A ocorrência foi noticiada primeiramente pela colunista
Monica Bergamo, da "Folha de S. Paulo", e confirmada pelo GLOBO.
Segundo o registro da ocorrência, o policial estava sozinho quando se aproximou
da jornalista no supermercado e, após confirmar que se tratava de Natuza,
gritou uma série de ofensas e dizeres como "pessoas como vocês deveriam
ser aniquiladas".O Ministério Público de São Paulo informou, nesta
sexta-feira (10), que pediu à Polícia Civil a instauração de um inquérito
policial para investigar o caso da jornalista da GloboNews, Natuza Nery,
ameaçada dentro de um supermercado, no fim de 2024.
Segundo o promotor de Justiça Roberto Bacal, as
investigações podem auxiliar a “embasar posterior oferecimento de denúncia”.
Natuza acionou a Polícia Militar após ser confrontada por um
agente de segurança no momento que fazia compras no local. Ambos foram levados
à delegacia, onde a Corregedoria assumiu o caso.
No início deste ano, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar a conduta do policial civil, que já foi afastado de suas atividades operacionais. O nome do policial que teria feito as ameaças não foi confirmado.
Segundo o advogado da apresentadora, Augusto de Arruda
Botelho, o policial teria dito a ela que os jornalistas têm de ser
“aniquilados”. À CNN, Botelho disse que Natuza foi abordada pelo policial
dentro do supermercado e que, inicialmente, o agente teria perguntado a ela se
ela trabalhava na GloboNews. Após a confirmação, ele teria passado a criticar a
jornalista. “A ameaça sofrida por Natuza Nery atinge não apenas a jornalista,
mas toda a imprensa brasileira. É gravíssimo que por divergências ideológicas
ou políticas, um jornalista e seu veículo sejam atacados dessa forma. A
imprensa livre é um dos principais pilares de uma democracia e deve sempre ser
protegida e preservada”, destacou o advogado Augusto de Arruda Botelho.
Após a divulgação do caso, o ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou em uma rede social que “o ataque
sofrido por Natuza Nery, em razão do simples exercício diário de seu ofício,
exige pronta resposta do poder público, em especial dos órgãos de persecução
penal”.
O Ministro-Chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge
Messias, também se manifestou e cobrou rapidez na investigação e
responsabilização do agressor.
A Associação Brasileira de Imprensa, por meio da sua
Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos, considera
muito graves as agressões e ameaças que a jornalista Natuza Nery, da GloboNews,
sofreu na noite de segunda-feira (30/12), em São Paulo.
Natuza Nery foi agredida verbalmente e alvo de ameaças por
um policial civil quando fazia compras em um supermercado em Pinheiros, na
capital paulista.
Exigimos uma ação rigorosa da Corregedoria da Polícia Civil
do Estado contra este policial, que, segundo testemunhas, se aproximou da
jornalista e perguntou se ela trabalhava na emissora.
Em seguida, afirmou que “ela e a empresa para a qual
trabalha são responsáveis pela situação do país” e acrescentou que pessoas como
a jornalista “merecem ser aniquiladas”. Posteriormente, enquanto aguardava no
caixa, o agente continuou a insultar a repórter.
A situação gerou grande comoção entre os presentes, levando
à intervenção da Polícia Militar, que compareceu ao local.
Nós da ABI prestamos total solidariedade à jornalista da
GloboNews, repudiamos atitudes fascistas como a deste policial, que teve seu
nome omitido pela corporação, e esperamos um desfecho rápido e exemplar de
punição ao autor deste episódio, sintoma de patologia social gerada pela
extrema direita, com forte penetração em instituições do Estado. Caso não haja pronta resposta a tal agressão,
consequências futuras poderão ser igualmente muito graves.
Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2025
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA
COMISSÃO DE DEFESA DA LIBERDADE DE IMPRENSA E DOS DIREITOS
HUMANOS
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